quarta-feira, 23 de julho de 2008

Resenha: Rendez-Vous


Artista: Jean-Michel Jarre
Álbum: Rendez-Vous
Ano: 1986
País: França


Músicas:

1. First Rendez-Vous (2:54)
2. Second Rendez-Vous (10:55)
- Partes 1 a 4
3. Third Rendez-Vous (3:31)
4. Fourth Rendez-Vous (3:57)
5. Fifth Rendez-Vous (7:41)
- Partes 1 a 3
6. Last Rendez-Vous (Ron's Piece) (6:04)

Integrantes:
- Jean-Michel Jarre: Seiko DS 250, Synthex (2), Moog (1), Roland JX 8P, Fairlight CMI (5), E-mu Emulator II, Eminent, EMS Synthi AKS, Harpe Laser (3), RMI, OBX, DX 100, Matrisequencer, Roland TR-808, Lynn 9000, Prophet, Casio CZ 5000, ARP 2600 (4)
- Michel Geiss: ARP 2600 (4), Eminent, Matrisequencer, Roland TR-808
- Dominique Perner: Memory Moog
- Joe Hammer: Drumulator, percussions
- David Jarre: Baby Korg personal keyboard
- Pierre Gossez: Saxofone (em "Last Rendez-Vous")

Composto e arranjado por: Jean-Michel Jarre.

"The frenchman"

Inspirado nas viagens espaciais, este é um dos álbuns mais originais do "frenchman" da música eletrônica.
Precisamente coeso, tem um clima ao mesmo tempo espacial, dramático, e ao mesmo tempo sutil, melancólico e atmosférico. Lembrando que praticamente não há pausa entre as música, com excessão de uma pausa central devido a divisão em lado A e lado B do disco de vinil original.

Vamos as músicas:

(1) Sintetizador Moog (usado nos solos, principalmente nos agudos)

1. First Rendez-Vous (2:54)

A faixa inicial funciona perfeitamente como uma pequena introdução, preparando-nos para o que virá depois.
Inicia-se com um som extremamente sombrio, dando a sensação de uma respiração monstruosa e metálica, vindo do espaço, e, ao mesmo tempo, ouvimos uns sonzinhos agudos, que se assemelham ao som de botõezinhos. Enquanto a "respiração" se repete, ouvimos acordes surgindo ao fundo, com um timbre bem etéreo, atmosférico. enquanto a respiração vai desaparecendo, os acordes vão crescendo até o primeiro plano, e ouvimos o tema principal, melancólico, suave e etéreo, que transmite uma sensação suave de deslumbramento.
A faixa termina com uma frase melódica de "fim de música", bem clássica.
Uma música maravilhosamente suave, marcante!

(2) Synthex

2. Second Rendez-Vous (10:55)

Um verdadeiro épico de Jean-Michel Jarre. Bem dramática, e com um ar de música clássica.
Foi dividida em quatro partes na versão em CD.
Na primeira parte, somos apresentados ao tema principal, que se repete e evolui, à semelhança de uma música clássica, bem dramática.
Com uma pausa sutil, ouvimos uma escala crescente, e somos apresentados à segunda parte, com um novo tema.
Também dramática, ouvimos uma melodia produzida por uma voz humana, semelhante à voz soprano de ópera, mas imitada por um teclado! Um tema épico e exótico.
Voltamos em seguida ao tema da primeira parte.
Novamente ouvimos uma pausa, mas dessa vez a música quase pára, para entramos na terceira parte.
Ouvimos um novo tema, mas o tema principal é tocado num timbre vibrante, metálico, quase robótico. É um tema bastante futurista e espacial, mas ainda permanece o clima épico inicial da música.
No final da terceira parte ouvimos novamente "a respiração", com o tema inicial emergindo sutilmente.
E suavemente voltamos ao tema inicial da música, mas desta vez bem mais dramático, como um gran-finale, e o que há de melhor: o tema é acompanhado por um coral, o que aumenta a sensação de épico, e há ainda uma percução (aquele prato usado em orquestra) que marca determinados trechos.
E a música termina com um único acorde cantado pelo coral, e o prato sendo tocado, pra marcar bem o final.
Pra mim ainda é uma das músicas mais impressionantes e dramáticas deste compositor!

(3) Jarre tocando Harpe Laser (responsável pelo timbre metálico)

3. Third Rendez-Vous (3:31)

Somos brindados com mais uma música dramática e impressionante, mas desta vez com um tema inteiro tocado com o timbre metálico, e acompanhado por um som abafado, que lembra bem sutilmente um coral.
Esta música tem uma esrutura bem clássica, com uma curta introdução, um tema principal, desenvolvimento e reapresentação do tema principal.
No trecho central, junto com um som de prato distorcido, ouvimos um tema deslumbrante e bastante trágico, fantástico!
A música termina triste, com uma nota grave, sumindo.
Novamente uma música marcante!

(4) Sintetizador ARP 2600 (timbre suave, que lembra orquestra)

4. Fourth Rendez-Vous (3:57)

Depois de uma longa pausa (este seria o lado B do disco) ouvimos uma batida bem pop, quase techno, e somos apresentados a um tema bem festivo! Um enorme contraste em relação as músicas anteriores. Apesar de ser aparentemente mais comercial, não perde a classe, e funciona perfeitamente bem no contexto do disco, dando um alívio em relação aos temas dramáticos da metade anterior do álbum.
O trecho central é ainda mais festivo, com uma batida que dá a sensação de vermos fogos de artifício, como uma comemoração de fim de ano!
A música é encerrada com uma respiração, mas desta vez mais humana que a respiração do início do álbum, que emenda com o início da próxima música.

(5) Fairlight CMI (sampleador, responsável pelos "barulhinhos" e "vozes")

5. Fifth Rendez-Vous (7:41)

Talvez a música mais "voyage" de Jean-Michel Jarre.
Também foi dividida na versão do CD, em três partes.
A primeira parte é um tema sereno, tocado num timbre suave.
Ainda mantém o clima espacial, mas mais "orgânico" que os temas anteriores, principalmente pelo acompanhamento de sons semelhantes à tambores.
Depois de sons semelhantes à ondas do mar, ouvirmos acordes num tema de suspense, e temos a sensação de estarmos entrando num vórtice!
Inicia-se a segunda parte, a mais "viagem"!
Ouvimos um dos recursos mais interessantes, que fora muito pouco usado na música popular: o reaproveitamento de temas anteriores, algo muito usado na música Clássica.
Neste caso é um tema da música anterior (Fourth Rendez-Vous).
Aqui a intenção o artista é criar a sensação de "flash-back", como se estivéssimos sonhando, vendo "Deja-Vu's"! Mas é algo muito rápido!
Somos logo lançados numa outra melodia, desta vez tocada por aquela "voz soprano" novamente.
Ouvimos um tema circense, como se passasse uma banda na nossa frente, seguido por outro "flash-back" da música anterior.
Voltamos brevemente à "soprano", para então sairmos do "vórtice", e irmos para a parte seguinte.
No início da terceira parte ouvimos um tema acelerado, que dá a sensação de vermos formigas correndo e ao mesmo tempo de estarmos voando, tocado em dois "instrumentos": um que lembra xilofone, e outro que lembra trompete.
Surge, então, uma som grave, como trombones, acompanhado por um solo agudo "deslizante", deixando a música majestosa!
É encerrada novamente com as "ondas do mar".

Ronald McNair

6. Last Rendez-Vous - Ron's Piece (6:04)

O "Last" e o "Ron's Piece" do título é porque a música é um Requiem (música fúnebre) composta para homenagear Ronald McNair.

Ron McNair era um astronauta, que iria para o espaço na Space Shuttle Challenger. A idéia original de Jarre era fazer um show em Houston, com transmissão ao vivo do espaço para o telão, em que o astronauta tocaria saxofone junto com o tecladista.
Mas a Challenger explodiu no lançamente, deixando Jarre deprimido, fazendo com que ele tivesse quase desistido do show e do lançamento do álbum.
O álbum foi lançado e o show realizado, mas como uma homenagem aos astronautas, principalmente à McNair.

De fato, o tema é triste e fúnebre, mas ainda assim atmosférico, suave, espacial.
Inicia-se com uma batida de coração muito lenta, acompanhada por acordes tristes, mas muito suaves.
E de repente...Oh! Um saxofone!!
O tema é muito bonito, sensível, suavemente Jazzístico, tocado pelo saxofonista Pierre Gossez.
Parece ser improvisado, não tenho certeza.
No meio da música inicia-se um ritmo, tocado no teclado, transmitindo a sensação e "aceleração", de que o "final derradeiro" se aproxima.
O tema triste tocado pelo sax continua, evolui e finaliza a música, depois do "ritmo" desaparecer.
Encerra-se com uma frase melódica no sax, dando uma sensação melancólica de fim, mas com um toque de esperança, e a última batida do coração...
Uma das músicas mais sensíveis de Jean-Michel Jarre!!

O impressionante show de J. M. Jarre em Houston

Conclusão

Este álbum foi muito famoso. Não sei se foi o mais vendido mas, pelo menos aqui em São paulo, é muito fácil de encontrar o LP. Está em praticamente qualquer sebo que venda vinis. Com certeza um dos motivos de ter aumentato a fama foi a tragédia da Challenger, mas isso não diminui o fato de este álbum, na minha humilde opinião, ser uma obra de arte!

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