quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Choque cultural: Jornada nas Estrelas e a Primeira Diretriz


Elenco (ou "Tripulação") de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração
Na série Jornada Nas Estrelas, há uma regra que nunca deve ser violada: a Primeira Diretriz. Graças à ela, é proibido que qualquer ser humano ou mesmo alienígena de outra espécie (associado à Federação dos Planetas Unidos) interferir em civilizações "pré-dobra".

O Pré-dobra refere-se ao período antes da descoberta da velocidade de dobra (mais rápida que a velocidade da luz, que garante as viagens que ocorrem na série) e que, portanto, esta civilização não está preparada para receber aliens, mesmo os bem intencionados.

Esta regra é baseada na idéia de choque cultural, ou seja, a interferência de uma civilização muito poderosa em outra menos desenvolvida que pode causar um estrago sem tamanho (com vários exemplos históricos que não me deixa mentir). Não tenho a pretensão de fazer uma redação conclusiva e crítica, como nosso amigo do blog Escarificações.

Este tema é tratado de forma interessante no episódio "Quem observa os observadores?" ("Who watches the watchers?", no original) quarto episódio da terceira temporada da Nova Geração, em que a tripulação se vê obrigada a descer no planeta Mintaka III para resgatar cientistas humanos que observavam camufladamente uma outra civilização em era Pré-dobra. Nesta descida, é violada a Primeira Diretriz, pois um aldeão vê, num desleixo de um tripulante, coisas incríveis (como uma pessoa sendo teletransportada) que o faz associar o acontecido com fenômenos sobrenaturais.

Cena de "Quem Observa os Observadores?" (fonte: Memory Alpha)
O estrago chega ao ponto de quase criar uma religião, culminando com a crença de que o capitão da nave Enterprise (Picard), visto de relance por um aldeão, era um deus onipotente com a capacidade de ressucitar mortos! Infelizmente o episódio comete uns pequenos pecados, com algumas coincidências bobas, mas nada que torne o episódio ruim.


Voltando para a realidade, a humanidade aprendeu (mas não totalmente) a respeitar essa "Primeira Diretriz". Existem histórias de aumento do número de mortes de indígenas (que nunca tinham visto a nossa civilização) logo após o contato com "o homem branco". Exemplos de mortes por "depressão" (suicídio) e gripe, pois os índigenas não estavam preparados para conhecer a nossa civilização "evoluída" e sem defesas para uma doença "básica" como a gripe. Não sei até que ponto isso é verídico, mas faz bastante sentido para mim.

Índios isolados que evitam contato com a nossa civilização
(Foto:  Gleilson Miranda/Governo do Acre; fonte: G1)
Como já foi noticiado, existem povos indígenas no Brasil que ainda não tiveram contato com o homem branco. Imagine a seguinte situação: um indígena que nunca teve contato com o homem branco olha para o céu e vê um avião barulhento passando...


Poster original do filme (fonte: AdoroCinema)
Você conhece o filme "Guerra dos Mundos", de 1953, baseado num livro de mesmo nome de H. G. Wells? Pois é, a intenção do autor era fazer uma comparação com a conquista das américas, e mostrar como seria se nós fossemos os indígenas e os aliens os conquistadores. Agradável, não?


Mas e se um indígena que nunca teve contato com o homem branco pegar uma doença (sem a interferência da nossa civilização) que somente nós temos a cura? Devemos ajudá-lo e interferir na civilização? Pois é, aí a situação se torna mais complicada.
Segundo Picard (o capitão na série Jornada nas Estrelas) não devemos interferir NEM nas piores situações, a não ser que a culpa seja nossa. Afinal, na minha opinião, os estragos não podem ser mensurados e devem, provavelmente, ser muito piores que a "catrástrofe" que aconteceria sem nossa presença.
Você concorda?

Horizontes claros, navegantes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário